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Wednesday, August 21, 2019

RIQUEZA INESGOTÁVEL 


RIQUEZA INESGOTÁVEL

                A distribuição dos lucros das empresas aos trabalhadores é a única solução, dentro do capitalismo, capaz de viabilizar a continuação do próprio capitalismo. Diz a Administração Econômica e Financeira: quanto mais vezes uma mesma quantia gira, maior será o retorno sobre o investimento; ou, quanto maior o giro do capital, maior o retorno; maior a rentabilidade, o lucro.

                Segundo os preceitos econômico-financeiros, a acumulação de capital, e sua imobilização, é uma contradição do sistema capitalista porque impede sua expansão máxima ao remover os lucros para acumulação individual, necessitando que o sistema gere a quantia correspondent4e, corrigida, para recuperar-se.

                Prova dessa influência da injeção de dinheiro sobre a prosperidade está numa notícia corriqueira, divulgada todo mês de dezembro no ano passado e em todos os anteriores, nas emissoras de televisão: “13º salário - Injeção de R$ 211 bilhões na economia”. Isto quer dizer, simplesmente, que as empresas vão pagar o 13º salário e este 13º salário vai voltar para as empresas na forma de consumo. Segundo os preceitos dominantes, o consumo cria riqueza, prosperidade, alardeado objetivo do capital.

                O capital morre de medo de extinguir-se... E vai-se extinguir mesmo, vai suicidar-se se não perceber e remover sua contradição íntima mais profunda, o carnegão que o transforma em tumor maligno em vez de energia aeróbica, isto é, se não distribuir os lucros para os trabalhadores, que são a grandissíssima maioria da população que fabrica as coisas e que são os consumidores potenciais que —tamanha contradição! — não recebem dinheiro suficiente para consumi-las, inviabilizando a riqueza da sociedade e a sociedade como um todo. Como pode um sistema econômico criar riqueza para todos se os trabalhadores, que são os consumidores em última instância, não têm dinheiro para comprar o que produzem?

                Para não morrer o capital precisa reinvestir-se e seus lucros em alta velocidade em vez de acumular-se anualmente nas mãos dos poucos acionistas de cada empresa. Precisa distribui-los imediatamente, talvez mês a mês, aos compradores imediatos, cuja  proporção em relação à quantidade de acionistas é no mínimo de 1000/1. Pois esses compradores imediatos, que são também os trabalhadores que fizeram as mercadorias a serem compradas por eles, devolverão seus ganhos imediatamente ao mercado produtor comprando e satisfazendo suas necessidades de alimentação, moradia, vestuário, transporte, cultura e lazer, assim realimentando imediatamente a economia, dando à indústria de construção, alimentos, veículos, vestuário, diversões públicas, ensino, etc. plenas garantias de contínua produção e garantindo ao mundo como um todo uma riqueza inesgotável.

                Esse retorno imediato, não bastasse garantir a todos uma prosperidade contínua, nunca antes vista, garantirá uma prosperidade até hoje tão inédita ao ponto de permitir aos hoje carentes satisfazerem ininterruptamente suas necessidades e prosperarem sempre enquanto, na outra ponta, os que hoje acumulam os resultados da economia não vão sequer pensar em continuar acumulando, pois será desnecessário acumular diante da velocidade da prosperidade. E nem será necessário alterar o regime de propriedade privada!

                Não seria esta a peninha que teria faltado, por pressa de concluir diante de fortíssima pressão externa, ao pensamento de Marx, a de que a acumulação do capital é por definição uma contradição insolúvel do capitalismo, a negação do próprio capitalismo ao criar um estado de penúria para a grande maioria da população mundial e abandoná-la enfim ao próprio instinto de sobrevivência, criando conflitos sociais que são de fato guerras civis e causam muito dano e ameaça tanto a quem delas participa ativa e passivamente quanto à vida e à integridade física de todos os seres humanos do planeta.
                Pois essas guerras civis são, nada mais nada menos, iguais àquelas guerras de conquista travadas na Idade Média pelos filhos dos reis e nobres que não eram primogênitos e porisso não tinham direito a herança, sendo obrigados, pela ordem vigente, a organizar exércitos para ir conquistar suas próprias terras e riquezas. Pois é como pensam hoje os que nascem sem nada, de pais em extrema dificuldade, e são empreendedores: “Os estabelecidos têm o que eu preciso, é neles que vou buscar meu sustento. Por que vou tratar bem a uma sociedade que quer que eu me lixe, me exploda?” O mesmo raciocínio aplicado pelos Panteras Negras quando instruíram os negros estadunidenses a não irem à guerra do Vietnã. “Esse país não nos quer, por que vamos guerrear por ele?”

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