Saturday, February 01, 2025
ENTORPECENTE IGREJA CATÓLICA
Sem querer beneficiar politica ou religiosamente a igreja evangélica, por ter ela se transformado em símbolo do hiper-reacionário e incompetente Jair Messias e sua turba, e por isso seja problemático, numa América Latina com eleitores católicos que montam a quase 100% da população, acusar sua principal oponente política, a pretensiosa Igreja Católica —garantidora do poder da direita no Brasil e América Latina— com todo o peso que ela despeja em cima dos fiéis para entorpecê-los, de ser a total responsável ideológica pelo voto dos pobres na direita.
Responsabilizo a Igreja Católica por esse voto na direita que tanto mal causa aos pobres e à nação em gera porque, afinal, para almejarem o acesso ao reino dos céus, há quase dois mil anos ela manda os fiéis renunciarem aos bens terrenos; resignarem-se à pobreza; amarem os representantes da ordem dominante, ou seja, Deus sobre todas as coisas e pai e mãe na Terra; mais, mandando-os não roubar e não matar, retira deles toda possibilidade de se apropriarem à força de seu quinhão da riqueza que produzem para os donos do mundo, e, em vez disso, manda-os cumprirem penitências para pagarem os erros dos mandatários. E ainda por cima é uma igreja anti-socialista, anti-comunista, que o digam Peppone e Don Camilo e os Banqueiros de Deus!
Acatar sempre, atacar jamais, ela comanda, provendo a população com máxima vaselina para não incomodar os donos do mundo, que a retribuem com vultosos donativos.
CRISTO, DEUS E KARL MARX
Lá pelos anos 30, Cristo, o homem que deu nome a esta nossa era percebeu, pela primeira vez na história, que havia nesta Terra gente sem recursos, que sentia frio e fome e mal tinha onde morar, e começou a exigir por e para eles a atenção dos abastados senhores governantes e mercadores, pedindo que fossem generosos e distribuessem um pouco de suas riquezas para os pobres. Durante suas andanças anteriores conversara com muita gente de saber, tornara-se um místico, passara a acreditar que haveria no céu um lugar para aquelas almas após a morte.
Chamou aquele lugar de Reino de Deus mas, entusiasmando-se cada vez mais, chamou-se filho de Deus. A partir daí seus missionários começaram a dividir-se, alegando alguns que a pretensão de ser filho de Deus turvava a verdade daquele movimento humanista. O Império Romano, que ocupava a região na época, começou a questionar os governantes locais sobre quem era aquele homem, chefe de um movimento, que ousava chamar-se rei.
A elite local, como sempre interessada em manter-se na alta estima dos dominantes para continuar usufruindo dos negócios conjuntos, pôs-se a investigar e pressionar. Mas o homem, tão tomado estava por sua especulação que, em vez de tentar explicar que aquele Reino dos Céus onde havia um rei era uma fantasia mística , uma criação da mente continuou a afirmar sua existência e a chamar-se rei, sendo enfim por isso foi crucificado pelos romanos, que só admitiam na Terra um único rei, César, Imperador dos romanos.
O destino já era "irônico" naquela época. Aquele movimento gerara uma crença —Cristianismo— que foi tomando corpo até, três séculos mais tarde, já uma igreja estruturada, ser adotada pelo próprio Império Romano como religião oficial.
A Igreja Católica Apostólica Romana convinha aos romanos. Roma estava praticamente às moscas, solo seco sem plantio, sem colheita, os negócios parados. O único deus da nova religião simplificava muito a vida do Império, ao contrário das inúmeras divindades antes reinantes entre o povo, que exigia do Imperador atender a tantas e a ofertar quantos sacrifícios. Vinham a calhar a exigência aos fiéis de renunciarem aos bens terrenos para almejarem o reino dos céus, a resignação à miséria, pois a riqueza terrena não tinha espaço no reino dos céus, e a penitência dos fiéis pelos erros do mundo desonerava os governantes e as elites.
Karl Marx, rememorando tudo isso 1800 anos depois, afirmou que a religião era mesmo o ópio do povo. Pois Cristo não tinha como saber, em sua época, que a caridade apenas adiaria a solução da miséria, porque as elites econômicas continuariam existindo e acumulando toda a riqueza produzida, e era essa apropriação indébita de toda a riqueza —em vez de distribui-la também aos trabalhadores que a produziam— a genuína causa da miséria humana.